quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

fall to pieces

23 de Dezembro de 2007
Posso esquecer tudo que um dia possa ter guardado na minha pequena caixinha de segredos, na minha memória; posso esquecer muita coisa. Mas há sempre aquelas que por muito que queiramos esquecer, não conseguimos, serão sempre páginas da nossa história que não conseguiremos virar, pois ficaram muito além da marca da memória ou de uma pequena caixa de segredos; há coisas que marcaram cada poro da minha pele, cada pedra da calçada por onde eu passe, cada estrela do céu, cada imagem que os meus olhos possam alcançar, que marcaram cada palavra que eu possa ouvir. Há coisas que ficaram marcadas no meu coração e que eu desejo todos os dias enxutar ao pontapé; mas na verdade, cada vez que essas mesmas coisas pensam em sair do lugar mais querido do meu coração, eu só tenho tempo de puxa-las de novo, de volta para mim.
Tu, foste e és sem duvida umas das coisas que mais marcou a minha vida. Não sei se merecias que eu gostasse tanto de ti, pelo menos há quem ainda hoje diga que não merecias nada meu, mas a verdade é que eu gostei, ainda gosto. Sempre gostei. Nunca consegui contrariar esse sentimento que me invad(e)ia a cada segundo, sempre foi mais forte que eu e mais forte que todas as forças que eu possuía. Tu, fazias-me muito forte. Sempre gostei de ti incondicionalmente, e ainda hoje, após quase meio ano de te ter perdido de vez continuo a gostar. Se calhar não tão descontroladamente como à uns meses atrás, mas a verdade é que ainda gosto, a verdade é que ainda penso em ti todos os dias, a verdade é que a tua memória ainda me põe triste, que as saudades que sinto do teu abraço ainda me matam; a verdade é que após tanto tempo sem ti, ainda distingo o teu cheiro no meio da multidão. Já passaram meses desde que tive que te dizer “adeus”, quem diria que já tinha passado tanto tempo. Eu não, pelo menos. Talvez porque te mantive sempre presente em mim, mesmo na ausência das palavras tu mantiveste-te presente no meu dia-a-dia; em todas as mensagens que guardei tuas, em todas as imagens que tenho tuas guardadas, no som da tua voz que se repete continuamente na minha cabeça. Em tudo. Está tudo no mesmo lugar que estava no dia que tu foste embora, não mudei nada. Não quis se calhar afastar-te ainda mais que aquilo que já tinha afastado, talvez não queria perder-te ainda mais.
Continua tudo no sítio que estava. As tuas fotos continuam no meu pc, as nossas fotos continuam na parede do meu quarto, a tua carta continua guardada na minha caixinha dos segredos, todos os textos que te escrevi continuam guardados, o peluche que me deste numa das noites que fui dormir a tua casa, continua a ser agarrado todas as noites, todas as mensagens que me enviaste continuam guardadas. Lembraste de naquela noite, me teres perguntado: “E esse telemóvel? Ainda tem as minhas mensagens todas?” ? Acredito que estivesses a espera que dissesse que não, que tinha apagado tudo. Mas não, nunca apaguei uma única. Eu quis; eu queria apagar-te de mim, não nego que queria arrancar-te do meu peito, que queria esquecer-te, como acredito que tu tenhas conseguido fazer, mas eu não consegui. Eu não consigo ultrapassar-te.
Foi tempo precioso na minha vida. Pode ter sido relativamente pouco tempo contigo, pois foi um ano e meio que me soube a pouco. Eu queria muito mais. Eu queria muito mais de ti, queria dar-te muito mais de mim. Mas não consegui, não conseguimos.
E hoje? Hoje nada me resta de ti, a não ser as memórias que tenho tuas e do “nós” que um dia existiu.
Acreditas que mesmo após termos desistido, continuas a ser a primeira pessoa que me aparece na cabeça quando acordo? Que apesar de tudo, ainda escrevo muitas mensagens para ti, mas por medo e cobardia que sempre tive, nunca envio?
Apesar de tudo ter mudado, para mim continua (quase) tudo igual. Foste um marco histórico na minha vida e acredito que daqui a 10 anos vou pensar e lembrar-me da pessoa que mais marcou a minha vida.
Hoje eu podia dizer que tivemos a amizade perfeita, que não nos magoámos nunca, que conseguimos manter-nos 100% felizes durante um ano e meio, e recordar cada pedaço da nossa história sempre com um sorriso, mas para quê dizer mentiras quando ambas estamos cientes de tudo? A verdade é que a nossa amizade estava longe de ser perfeita, nada nesta vida é perfeito. A verdade é que nos magoámos muito, demasiado até. A verdade é que não fomos felizes a 100%. Mas tudo na vida tem os seus baixos, e quando esses me atingiam tu punhas-me na mó de cima novamente. Quando eu necessitava de um abraço tu davas-mo mesmo que estivéssemos na fase mais negra da nossa amizade. Quando eu tinha medo tu agarravas a minha mão e não a largavas até teres certeza que eu estava bem. Quando eu precisava de um sorriso, eras a primeira a dizer que me amavas, a primeira a ligar-me e a dizer que eu não tinha que estar assim, e que ias estar sempre comigo, que me mandava uma mensagem com as palavras mais simples e lindas do mundo. E era isso. Eram esses momentos que tornavam a nossa amizade quase perfeita, que nos faziam felizes quase a 100%.
Ninguém sabe coisas que só nós sabíamos, ninguém sabe como nos entendia-mos tão bem, ninguém entende a força que (me) nos sustentava, ninguém compreende porque demos tanto da nossa vida uma a outra, ninguém para além de nós. Pois a amizade tem dessas coisas, a amizade tem esses segredos, esses pormenores, que só as partes envolvidas compreendem, sentem. Eu sentia-te. Eu sentia-te a cada momento que passavas a meu lado. Nos meus momentos bons e maus, quer estivesses longe ou a 2cm de mim, eu sentia-te sempre comigo, eras parte de mim. Eras o que me sustentava. Eras o lugar onde eu ia buscar forças. Eu e tu éramos uma pessoa só. Mas como tudo na vida, acabou. Não sei como, muito menos o porquê de tudo aquilo que nós criámos ter desaparecido. Nós arranjámos mil e um culpados, mil e uma acusações, culpa-mo-nos a nós próprias e culpámos o mundo inteiro. Ocupámos tanto tempo da nossa vida a tentar arranjar um culpado, em vez de tentar resolver o problema, que isso acabou por nos destruir.
Durante imenso tempo culpei o tempo, culpei Deus, culpei toda a gente do nosso fim, e pedia todas as noites a Lua que trouxesse a minha Lua de volta, que te trouxesse de volta para os meus braços, que me desse de novo os nossos dias juntas, os nossos sonhos, o nosso abraço, que trouxesse tudo que eu um dia havia tido e que o tempo me havia roubado; a verdade é que todas as minhas preces de nada valeram, e tu não voltaste. O tempo todo de espera apenas nos afastou mais. E eu, acabei por me conformar. Todos os que me perguntavam por ti, que me perguntavam como andávamos, levavam com a simples resposta “já não nos damos”, e cada vez que eu dizia aquilo em voz alta, parecia que tornava a situação muito mais real, contrariamente á minha vontade. Mas não havia rigorosamente nada que eu pudesse fazer. Tu começavas a sentir-te farta dos meus ciúmes, das minhas cenas, e se eu te dizia que não queria incomodar tu dizias que eu não te ligava nenhuma, se eu te ligava tu dizias que eu te chateava, e comecei a entender que o melhor era mesmo eu afastar-me, que era melhor eu desistir.
Durante todos estes meses acreditei que te tinha esquecido. Que tinha deixado a raiva apoderar-se de todo o tipo de sentimentos que eu sentia por ti. Que tu já não me interessavas para nada e tal como tu me havias ultrapassado, eu também tinha conseguido esquecer-te. Até àquela noite, a noite que eu acredito que terá sido a ultima vez que recebi o teu abraço. Todas as vezes que pensámos que iríamos estar juntas, e não estivemos iam acordando mais o sentimento que eu tinha adormecido e bem embalado dentro de mim. E naquela noite, quando os meus olhos te alcançaram, ele acordou. A coisa que mais queria era correr para os teus braços, dizer o quanto sentia saudades tuas, dizer que não queria largar-te nunca mais; mas com o teu afastamento, todo o meu orgulho tinha voltado, e ainda mais forte que aquilo que ele era, então não fiz nada disso. Limitei-me a ficar quieta, a observar cada movimento teu, a observar os teus olhos (e como continuas a ter uns olhos lindos), limitei-me a ficar a espera que avançasses como eu tinha a esperança que o fizesses. E assim foi. Quando tinhas que ir embora, olhei ainda mais pormenorizadamente os teus olhos, pareciam-me tristes por teres que ir embora, pareciam brilhantes de mais, cheios de lágrimas, mas as aparências iludem (e eu queria ser iludida), e quando tu te chegaste a mim e me abraçaste, eu apenas te abracei de volta com muita força, e captei o máximo que eu conseguia do teu cheiro até ter que te dizer adeus. Como eu tinha saudades do nosso abraço; foram poucas as pessoas na minha vida inteira que me protegiam tanto, com um simples abraço. E como eu já disse, acredito que tenha sido o último que tive teu. Lembraste de quando nos despedíamos, demorávamos 3 segundos a olhar para trás para nos vermos uma última vez? Eu olhei para trás, mas tu seguiste. E eu perdi-te de vista.
Desde esse dia que não me sais da cabeça, que te mantens acordada na minha mente, para cada lugar que eu olhe és tu quem surge à minha frente a cada minuto. E isso tem dado cabo de mim. Aumentou a vontade de falar contigo, a vontade de te ter a meu lado. Mas sei que de nada vale agora.
Desde a entrada no mês de Dezembro (o nosso mês) que tenho contado os dias, numa contagem decrescente a começar em 23. Hoje é o dia zero.
Faz hoje dois anos que apareceste na minha vida, e completo hoje a contagem para o dia que me fez mais feliz no ano de 2007. Foste a razão de tudo durante um ano e meio, foste a única e a melhor amiga que eu tive na minha vida, ajudaste-me a crescer imenso, ensinaste-me tanto, e ainda hoje levo cada lição que me deste presa no meu coração.
Como é que tanto, como é que tudo muda em tão pouco tempo? Como é que conseguimos perder tudo?
Hoje recordo tudo com o coração nas mãos, e com as lágrimas nos olhos. Há um ano atrás era tudo tão diferente. Éramos tão unidas, éramos como irmãs, e hoje resta-nos poeira, e o vento que te traz a mim de vez em quando.
Apesar de tudo, foste a melhor amiga do mundo para mim. Foste a minha felicidade, o meu norte, e hoje eu não me arrependo de nada, pois eu não imagino como teria sido a minha vida sem ti. É verdade que todas as noites penso se pensas em mim a toda a hora como eu faço também, penso se agarras o Báá com toda a força do mundo e dizes o meu nome, ou se ainda o tens sequer, ainda penso se por vezes te trocas e dizes o meu nome em vez do nome de outra pessoa qualquer, ainda penso se voltarias atrás se pudesses. Mas depois, volto a realidade, e lembro-me que tu seguiste a tua vida, e que agora és feliz. E eu amava-te o suficiente para te deixar ir, como o fiz.
Sei que agora és feliz, mais feliz que nunca, e isso enche-me o rosto com o maior sorriso do mundo.
Sabes? Eu tenho saudades tuas. Eu amo-te ou pelo menos gosto imenso de ti. Eu estou feliz por te ter conhecido. E és tudo que eu um dia podia ter pedido na vida, melhor amiga do mundo, (minha)LUA, (minha) Flávia Mafalda Gouveia Magalhães.
Parabéns a mim, a ti, a Nós, afinal vai ser sempre a somar pois não podemos parar o tempo, e hoje faz dois anos que eu li e abri a página mais linda da história, que a minha vida é.

4 comentários:

Anónimo disse...

Mostra-lhe este texto.
Do pouco que eu conheço, ou conhecia da (minha) Flávia, ela ia acordar para a vida.
Não acredito que tenha mudado tanto :/
Sabes que nunca achei que isto fazia sentido, mas quem sou eu?
Eu não sou nada, pois faço o mesmo que tu. Quer dizer, acho que ainda pior faço.

Eu estou aqui, para ti.

Anónimo disse...

Não o devias ter feito.
Devias ter mostrado o texto.
A melhor amiga, a outra não tem nada, mesmo nada haver com isto.
Não. Acho que esta vossa separação não faz sentido. Pelo menos para mim!

Não me agradeças por favor.

Anónimo disse...

Estou mesmo orgulhosa de ti, meu amor!

Anónimo disse...

Acredita que fiquei!
Fiquei mesmo muito muito orgulhosa de ti (: