terça-feira, 26 de janeiro de 2010

private conversation with a heart that doesn't has a restart button

Se eu pudesse ser qualquer coisa, diferente daquilo que sou hoje, eu tenho quase certeza que quereria ser uma máquina. Ou pelo menos ter um coração que se comportasse como tal. Eu adorava poder ter um coração com um botão de “reset” instalado, e um interruptor para o ligar e desligar.

Coração, tu sofres demais. És demasiado sensível, demasiado frágil. Tens demasiadas cicatrizes, demasiadas marcas, demasiadas feridas, e magoas-te tão facilmente que certas feridas que tens, ainda nem tempo para sarar tiveram. Coração, eu não gosto de sensibilidade extrema, eu não lido bem com esse aspecto, e tu sabes que não. Tu, melhor que ninguém, conheces-me. Então, porque insistes em te comportar de maneira frágil, como se fosses um cristal, que o mínimo toque ou barulho pudesse quebrar em mil pedaços? Pois, apesar de estares cheio de remendos, por todas as feridas das guerra por que tiveste de passar, não é razão para te comportares assim, como um cristal. Não. Pelo menos quando sabes que eu não consigo aceitar isso. Quer dizer, de ti eu aceito. Mas não devia. Habituei-te mal. Apesar de no fundo tu mereceres que te dê todas as regalias do mundo, pois grande parte das feridas que tu tens, se não todas, devem-se a mim. Eu sujeitei-te a todas as batalhas, a todos os ataques, a todas as feridas, a toda a dor. Fui eu que te expus a todos os perigos, e hoje és tu quem sofre, por todos os erros que eu cometo. Por isso, não é mais que a minha obrigação tratar-te bem, e tolerar todos os teus caprichos e fragilidades. Mas, Coração, por que insistes em ser tão frágil, num Mundo onde só os fortes tem lugar? Porque no fundo, tu sabes disso. Sabes que assim, com essa fragilidade toda, tu não tens lugar aqui. E por consequente, eu também não.

“- E tu? Porque insistes em magoar-me mesmo sabendo que eu sou frágil? Se sou frágil, e se me mostro assim, é porque tu me fazes reagir desta maneira, pois eu não me importava de ser forte e corajoso, como os corações dos guerreiros. Nem sabes a inveja que eu lhes guardo. No entanto, estou condenado a lutar batalhas, e a perdê-las, porque tu, sim tu, insistes em desistir.”

Eu invejo os guerreiros, Coração, e invejo a sua força, a sua coragem. Invejo-os por terem um coração forte do seu lado. Que nunca os deixa desistir. Invejo-os, porque eu pelo contrário, tenho-te a ti. Tu não lutas, tu não me encorajas, tu apenas desistes, e eu nada posso fazer para te impedir. Tu comandas. Tu possuis todo o controlo. E eu, sou apenas uma marioneta que por ti, é controlada.

“- Oh Minha Ana, és tão cega. Tu insistes em ver apenas aquilo que te convém. Insistes em ver aquilo que não te deixa admitir as tuas fragilidades, aquilo que não passa de uma paisagem mentirosa, em que tu és uma lutadora. Mas a verdade, é que nem disso te aproximas, e sabes porquê? Porque insistes em culpar-me de tudo. Em fazer de mim o frágil, quando tu é que desistes. Tu é que desistes, por teres medo de lutar, e medo de me magoar, de te magoares. No final, acabas por não conseguir nada, e por me magoares a mim. Criando-me feridas que teimam em não estancar. Cicatrizes que ficarão para sempre cravadas. Tu, pelo contrário, continuas sempre intacta. Sem um único arranhão. Apenas sentes uma dor, que não sabes muito bem de onde vem. Nem porque a sentes. Apenas sabes que ela está lá. E, impulsivamente, culpas-me por ela.”

Muitas vezes dizem que devemos seguir o coração, que devemos ouvi-lo, que devemos ver com ele. Mas tu, só te enganas. Tu, meu querido Coração, és cego, és surdo e és mudo. Fechas-te para o mundo, com medo de te partires. Não achas que está na altura de encarares a realidade, e parares de ser tão frágil? Tu não és cristal. Tu não te partes se eu cair. Tu não te quebras com um barulho um pouco mais forte que aquele que tu pensas que podes escutar. Está na altura de ganhares força. Ninguém espera por ti. Apercebe-te disso. E passa a ajudar-me, pois dependemos um do outro. Passa a responder às minhas dúvidas, e a dar-me força. Faz de mim uma guerreira. Faz de mim tudo aquilo que eu um dia fui. Mas que agora nem me aproximo de ser, pois tu decidiste dar uma de cristal.

“- Será possível uma pessoa dizer tantas asneiras de uma vez só? Minha Ana, tu nunca falas comigo, e esperas que eu te responda a quê? Tu tens dois corações. Um está do lado esquerdo do teu corpo. Sou eu. O outro? Está na tua cabeça, é o teu cérebro. E o cérebro, é inimigo do coração. Tal como tu e eu dependemos um do outro, eu e o Sr. Cérebro também, mas sempre estivemos de relações cortadas, pois a razão, é inimiga de todos os sentimentos. A razão é objectiva, e os sentimentos? Subjectivos. E tu, és objectiva. Por isso é normal que eu e tu nunca falemos. Eu falo contigo, tu falas comigo. Mas eu e tu, nunca falamos, pois tu nunca me ouves, tu nunca me falas, tu nunca me respondes. Tu sim, és cega, és surda. Nunca me pedes opinião sobre o caminho que deves toma. Falas sempre com o Sr. Cérebro, e vês onde ele te leva? Está tão entretido a tomar conta dos teus passos, que faz pim-pam-pum sobre o caminho que tens que escolher. E olha que azar, ele nunca acerta. Mas tu nunca o culpas. E sabes porquê? Porque decidiste dar-lhe o nome de Sr. Coração. Deste-lhe o meu nome, e é a mim que teimas culpar. Mas não o faças mais, pois um dia, este cristal vai desistir, sim. Mas é de ti. Posso não quebrar com todas as coisas superficiais que tu mencionas, mas tudo aquilo a que me sujeitas? Todas as batalhas que desistes? Todos os sentimentos que nós sentimos? Quebram-me. E se eu cair no abismo, tu, para teu infortúnio, vens comigo.”

Eu fui forte um dia, eu conseguia lutar sozinha. Eu sei que sim, pois eu tenho memórias muito felizes. Mas agora? Apenas tenho uma carga mais pesada para levar comigo. Tenho que te arrastar para continuares, senão tu sentas-te, e fazes birra, e dizes que não vens. Eu não sei que se passou contigo, não sei se te magoaste, não sei sequer onde andas agora, pois sinto-te ausente. É o único sentimento que sinto agora, ausência, saudade. Custa-te assim tanto voltar? Fiz-te assim tanto mal, meu querido Coração?

“- Questiono-me; como é possível sentir-se saudades de algo que nunca se teve? Podes sentir desejo por mim, inveja por outros terem coração. Mas saudade? Saudade de quê? Tu nunca me ouviste, nunca falaste comigo. Á uns bons anos que nem te deves lembrar sequer que tens um lado esquerdo no corpo (sem ser quando algo começa a bater aceleradamente desse lado, e uma dorzinha começa a atacar e, então, o Sr. Cérebro alerta os teus olhos para chorar, pois a dor é demasiado forte.). Como podes sentir saudades minhas, a minha ausência? Será porque todas as memórias que eu guardei, nos armários do meu sótão, começaram a vir ao de cima? Sim. Porque fui eu quem as guardou. O Sr. Cérebro apenas se deu ao trabalho de pôr os olhos a funcionar para eu as poder ver e depois, sentir, para eu poder então guarda-las. Acho que, finalmente, estás a aprender a saber distinguir o Sr. Coração do Sr. Cérebro. Mas achas que valerá de algo?”

Se calhar fiz. Se calhar apenas usei o cérebro. Mas se o usei foi por que tu nunca me respondeste. Nunca deste sinal de vida. Sinal de vida inteligente, capaz de reagir a estímulos.

“- Deu-te um súbito ataque de culpa, minha Ana?”

“- Não, Sr. Coração. Sou eu, o Sr. Cérebro. A verdade, é que após tantos anos de consulta pela parte da Ana, tornei-a dependente da razão. Tirei-lhe muita essência da vida. E como sou eu quem controla tudo no corpo dela, nunca fiz com que ela falasse consigo. Tornei-a surda, á sua voz. Cega á sua presença. Pois a única coisa que não tenho controlo, é sobre si. A culpa é toda a minha. Controlo tudo, menos os sentimentos. E foi a mim, a quem se sucedeu um súbito ataque de culpa.”

Acho que chega de te culpar, meu querido Coração. Tenho mais é que seguir em frente, mas desta vez fazendo com que tudo seja diferente. Estás disposto a seguir comigo? Eu não volto a puxar-te se tu não quiseres seguir. Em vez disso, sento-me e ouço-te. E só depois de te por-mos todas as cartas na mesa, e o jogo estar finalmente aberto, é que seguimos. Segues comigo? Nunca te menti. Magoei-te. Expus-te. Desarmei-te. Mas nunca te menti. Podes então confiar em mim, pela primeira vez? Para mim, isto é novo. Sinto-me como se estivesse a seguir pela primeira vez, contigo. És capaz de me dar a mão?

“- Sr. Cérebro, foi muito mau da sua parte. Mas sabe? Fico feliz, por a minha querida Ana, estar a dar-se finalmente conta, que eu estou aqui. Para tudo. E que a vida, não depende só de mim, e dos outros corações. Que nós, corações, não controlamos a sorte e o azar. Apenas senti-mos e reagi-mos perante os obstáculos que nos aparecem. Não sei porque decidiu o Sr. Cérebro mudar de ideias, a esta altura do campeonato, quando podia estar a comandar todo o corpo da Ana. Eu estava disposto a desistir. Mas, fico feliz, por assim o ter feito.”

“- Sr. Coração, eu dependo muito mais de si, que o Sr. Coração de mim. Aproveite agora para voltar a ser feliz. E para fazer a Ana feliz. Mas digo-lhe que a nossa rivalidade continua.”

“- Nem eu queria que fosse de outra maneira.”

Meu querido Coração, és capaz de me dar a mão?

- Claro que sim minha Ana. Sabes? Tu és parte de mim. E eu sou parte de ti. Nós pertence-mo-nos mutuamente. Um sem o outro, somos um puzzle incompleto. Aquilo que tu sentes, eu sinto. Tu sofres o mesmo que eu sofro. É comigo que tu sofres. E é comigo também que tu és feliz. Se eu não existisse em ti, nem tu em mim, nenhum de nós poderia sentir qualquer tipo de sensação. Seríamos apenas objectos, e objectivos. E eu digo-te, minha Ana, sem ti eu não era nada. E tu sem mim, também não. E porque é que eu afirmo isto com tanta certeza? Porque nós, somos um.

Obrigada meu querido Coração, por não me deixares, mesmo após eu ter errado tanto contigo. Não sei se daqui em diante eu serei mais forte. Não sei se serei mais feliz. Ou se terei mais determinação e coragem, como aqueles guerreiros que tanto invejo. Mas sei uma coisa: tudo será diferente.

«Se eu pudesse ser qualquer coisa, diferente daquilo que sou hoje, eu tenho quase certeza que quereria ser uma máquina. Ou pelo menos ter um coração que se comportasse como tal. Eu adorava poder ter um coração com um botão de “reset” instalado, e um interruptor para o ligar e desligar.»
Corações com comportamentos de máquinas? Não. Desejaria claro, ter um coração com comportamento de coração. Não mudaria nada.
Sabem? As máquinas não choram. Se choram, enferrujam.


sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

és o encaixe perfeito. e eu adoro-te.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

carta nocturna

Desiludiste-me noite. Eras a ultima que eu esperava que me desiludisse, mas mesmo assim, quando eu menos precisava que o fizesses, tu conseguiste.
Era em ti que eu encontrava o conforto. Todos os dias, desde o momento que eu acordava, a coisa que eu mais queria era que tu chegasses. Eras o meu berço, eras o meu cobertor, eras a minha almofada e eras a minha confidente. Acalmavas o meu choro, punhas-me um sorriso no rosto, quando eu esperava nunca mais ver um. Compensavas sempre a saudade que eu sentia, a dor que eu sentia, o medo que eu sentia, com uma presença muito mais forte. No fundo eras tu quem me trazia as maiores alegrias. Não havia um único dia mau, que não fosse compensado por ti, noite. Por pior que a situação se encontrasse, mais cedo ou mais tarde, tu chegavas sempre no final do dia. Eras a minha certeza.
Chegavas, então, de mansinho para eu não me assustar, e ouvias-me durante horas e horas, ate fazeres com que o sono viesse para eu poder descansar os olhos.
Quando eu acordava, já não estavas lá. Já o dia tinha aparecido. Mas não havia mal, pois eu sabia que tu chegarias. Tu nunca me falhavas, eras sem duvida o melhor do meu dia, por muito pouco tempo que durasses eras a prova que quantidade, não é qualidade.
Mas tu minha noite, desiludiste-me. Tu, nunca me falhavas e só me trazias alegrias. Mas ultimamente, o que eu mais receio é a tua chegada. À medida que cada minuto passa, e que o céu vai escurecendo um pouco mais, o meu coração torna-se gradualmente mais pequenino.
Eu ganhei-te medo, pois tu despertas o pior que há em mim. Eu ganhei-te medo pois tu despertas o medo que há em mim, despertas as piores memórias da minha vida, despertas as desilusões, os pesadelos, as lágrimas, as perdas, todo o ódio que substituiu muito do amor que eu já senti na minha vida. Tu trazes à superfície tudo aquilo que eu mais quero esquecer. Agora, não há noite que eu não pouse a cabeça no travesseiro e não pense em tudo, principalmente no medo. E eu fico sem saber o que fazer ou como reagir a tudo e quero então adormecer, mas não consigo, pois tu já nem o sono me trazes.
Diz-me noite, porque me fizeste isto? Porque me desiludiste quando eu mais precisava de ti? Eras a ultima que eu esperava que me virasse costas.
Minha noite? Volta. Eu já não sei mas o que fazer. Sinto que a cada dia que passa, eu me afundo um pouco mais. Não só no tempo, que não espera por mim, não espera que eu me recupere, mas também no medo que eu sinto. afundo-me naquilo que sou, afundo-me em mim mesma. Não sei mais para que lado me virar, só me apetece trancar-me no quarto como tantas vezes já fiz, e chorar. Chorar até me doerem os olhos, chorar até a minha respiração ficar ofegante e eu não aguentar mais, e depois deitar a cabeça no travesseiro, e dormir, na esperança de quando acordar, os meus problemas tenham desaparecido, ou pelo menos sido atenuados. Sim, é uma atitude cobarde. Sim. Eu sei. Mas sabes? Quando não tenho mais nada a que me agarrar, não há muito que eu possa fazer. Não quando tudo que eu tinha, que me valesse, partiu sem motivo ou razão aparente. Me desiludiu.
Nunca pensei vir a dizer isto, e por muito que te magoe, eu quero o dia. E não quero dormir. Não quero porque não há noite que eu não seja bombardeada com pesadelos. Não há noite que eu não me agarre a almofada, com vontade de chorar desesperadamente. Eu não me lembro de ser assim tão fraca.
Eu quero o dia, minha querida noite. Quero o dia, pois enquanto o Sol raia, eu não estou sozinha, eu não penso nestes medos, eu não sofro tanto.
Não queria que tivesse sido assim, mas não me deixaste outra opção. Tive que seguir com o dia, quando a noite me abandonou.
Espero que um dia voltes minha noite, és insubstituível, e vou estar sempre á tua espera e me dês as noites de descanso (espiritual) que eu tanto estou a precisar.
Até qualquer noite.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

breathing

Há dias em que acordamos e temos um lindo Sol a bater no vidro da nossa janela e a dizer "Good morning Sunshine! Está na hora de acordar!", e ao ouvirmos o chilrear dos passarinhos, levantamo-nos, e dançamos ao som da melodia que eles produzem. E o dia começa com o maior dos sorrisos no rosto. Um sorriso tão grande e tão brilhante, capaz de meter inveja ao próprio Sol. E que mesmo que o Sol vá embora chateado, por ter ficado com inveja, e traga a sua amiga chuva, o nosso sorriso dá-nos o calor e a luz necessária para continuar o dia com a força e alegria a 100%!
Pois bem, o dia de hoje não foi assim.. foi mais dia mau.

sábado, 9 de janeiro de 2010

tenho frio

hoje apetece-me chorar. hoje eu quero chorar. hoje eu preciso de chorar.
não sei porquê, mas há algo em mim que não bate certo. houve algo que me fez acordar  inúmeras vezes durante a noite para me dizer "chora!" mas eu virava-me para o outro lado e tentava adormecer novamente, tentava ignorar aquele pedido desesperado da minha alma, pois eu não queria chorar. não queria dar a conhecer a mim mesma que era uma fraca.
mas eu hoje tenho que chorar. hoje eu preciso de chorar. porque eu não sei o que se passa comigo. não sei o que se passa cá dentro. está tudo uma confusão, que eu já nem sei onde estou, já não sei onde está a porta de saída, para poder fugir disto, visto que eu não consigo voltar a pôr tudo dentro da sua ordem. e eu que até lido um pouco com a confusão, não suporto esta. eu não me sinto bem. não me sinto em paz, preciso por isso, então, de chorar.  contenho vezes e vezes sem conta as minhas dores cá dentro. se calhar isto, é então o acumulado de todas elas. mas quer seja por isto ou não, eu preciso de chorar, eu quero chorar.
numa das vezes que este vazio me fez acordar esta noite, foi em ti que pensei. eu só te queria ter a meu lado, para poder chorar agarrada a ti. para ter aquele conforto que eu sei que tu me dás. eu sabia que contigo a meu lado, tudo seria melhor, o frio diminuiria, a confusão não seria tão grande. eu sei que me trarias a realidade, me mostrarias que nem tudo era tão mau quanto eu teimava ver que era, e por isso, marquei o teu número no editor de mensagens várias vezes e escrevi inúmeras coisas, pois naquele momento o que mais queria era falar contigo. mas eu não queria preocupar-te com algo que pensava ser passageiro, eu não queria mostrar a ninguém, nem a mim mesma, que era uma fraca, que estava a ser fraca e sem nenhuma razão aparente, e a mensagem ficou então guardada nos rascunhos. ainda lá está, nem sei porquê. mas eu hoje não sei muita coisa, eu hoje não sei nada.
eu não sei o que se passa comigo, mas eu preciso de chorar. e preciso de algo que me aqueça; não o corpo, pois a essa frieza que o inverno me traz todos os anos já eu me habituei; preciso sim de algo que me aqueça o coração, que me aqueça a alma. um abraço chega, uma palavra é o suficiente. mas eu preciso de algo que acabe com isto, com este frio por dentro.
eu já não sei o que sinto, já não sei nada. mas sei que tenho muito medo, que todos os meus medos se concretizem. tenho muito medo de perder tudo o que tenho, que já não sei para que lado me virar para fugir desta confusão.
eu quero desistir. eu hoje sei que quero desistir de tudo. quero deixar de sentir. quero deixar de existir. pois aquilo que eu mais preciso não chega; e o que eu preciso, é de uma razão. é a unica coisa que eu peço. é uma razão para tudo isto que eu sinto neste momento.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

uncertainty

Hoje, enquanto vinha para casa de carro, eras tu quem eu sentia. Era o teu cheiro que preenchia o ar que me rodeava, que estava preso nas minhas roupas, que eu sentia cada vez que inspirava. E eras tu quem estava no meu pensamento. E por muito que tentasse desviá-lo de ti, olhando para qualquer outra coisa, pensando no que iria fazer, nada resultava. Eras tu quem preenchia o meu pensamento, eras tu quem me preenchia.
E sabes? Hoje quando acordei, antes de me levantar, a primeira coisa que pensei foi ”como deixei que te tornasses nisto que és hoje?”, e a verdade é que não encontro nenhuma resposta, não sei como deixei que isso acontecesse, pois eu não queria. Sempre me quis manter à defesa para depois não sair magoada, pois nunca fui do género de arriscar, mas de nada adiantou. Tornaste-te tanto. A cada dia que passa tomas um papel cada vez mais presente no meu dia-a-dia, que hoje mesmo que te quisesse esquecer não conseguiria. Já não há nada que eu possa fazer para voltar atrás. Não conheço nenhum botão em que possa fazer “rewind”, nem sou amiga do Tempo para ele poder responder a um pedido meu e voltar uns meses atrás para eu poder, então, fazer as coisas de maneira diferente. Mas também, acho que se o conhecesse nunca seria capaz de lhe pedir isso, para conseguir apagar-te do meu cérebro, da minha memória, do meu coração, do meu dia-a-dia. Só de pensar num dia em que tu não existas nele, tu, com a tua presença inesquecível, o teu brilho, a tua alegria, é uma ideia demasiado aterradora, à qual eu não consigo passar indiferente. Mas devido àquilo que és e daquilo que te tornaste, sei que, um dia, o fim me vai magoar muito. Sei que não vai ser mais um final em que eu passarei ilesa, pois hoje sei que não passo sem ti. Não dá. Não és apenas algo usual ao qual eu me habituei, como eu própria me queria mentalizar que sim. Tu preenches-me, a tua presença acalma-me, dá-me a sensação de bem-estar que eu nunca pensei sentir.
E eu tento negar a ideia de seres tanto para mim, pois se eu não o admitir não será tão real, se eu manter tudo em silêncio, se não ecoar essa ideia na dura realidade, será como se não fosse verdade e então tudo pode ser diferente, mas são tentativas em vão. E é desconcertante, de uma certa maneira angustiante até, pois pouco é, o que me diz que é mútuo. Nada me dá a segurança que eu tanto precisava. Nada me diz que o meu medo pode ser atenuado, por tu sentires da mesma maneira que eu, o que me faria acreditar, mesmo que de uma mentira se tratasse, que eu e tu poderíamos durar, e nenhum de nós teria de viver na incerteza. E eu não teria de enfrentar uma realidade em que tu não existisses. Pelo menos não para já.
Mas não há nada que eu possa fazer. Não sei se por causa da minha falta de coragem, que me ataca constantemente, não me permitindo sequer arriscar, se por não haver realmente nada a fazer. A cada dia que passa sinto-nos diferentes, uns para bem, outros para mal. E penso se serei eu quem está a mudar, penso se não nos estarei a prejudicar com as minhas constantes mudanças de humor e de atitude, se conseguirei suportar todas as mudanças que vão teimar em aparecer, e se com tudo isto, não estarei a fazer pior que aquilo que o Tempo estava a levar tão bem. Vivo assombrada com estes fantasmas das incertezas que me visitam todas as noites quando pouso a cabeça no travesseiro e páro para pensar. E eu odeio viver na incerteza, apesar de ser nisso que a vida se baseia, num monte de pontos de interrogação que aparecem a cada minuto, cada hora, cada dia que passa, para nos deixarem na dúvida e a perguntar como será o próximo. Mas ninguém nos pode dar essas mesmas resposta, e a curiosidade e ansiedade começam a corroer-nos por dentro, e nós não podemos fazer nada. É isso que mais me incómoda na incerteza, a espera e a sensação de impotência. Mas como sempre, não posso fazer nada. É, então, nestas alturas, que o conformismo tem que me atacar com toda a sua força.
E eu digo a mim mesma, que não passa de hoje sem falar contigo, que é hoje que te vou mostrar tudo aquilo que estou a sentir, que é hoje que tu me vais ajudar a acabar com todo este medo. Mas a verdade é que as horas que eu passo a dizer isto, andam com muita pressa, e o dia acaba. O amanhã chega. E eu acabo por passar mais um dia a prometer mais que a agir.
Mas eu sei que um dia, eu vou dizer por dentro “é agora, fala!” e então vou abrir a minha boca, e falar tudo aquilo que vive preso dentro de mim, vou mergulhar de cabeça a um futuro incerto e não deixar nada por dizer. E nesse dia, que pode ser que não chegue tarde de mais, eu vou sentir-me mais feliz, e vou saber que tu sentes da mesma maneira que eu, que tens os mesmo medos que eu, e juntos vamos ultrapassa-los. E seremos felizes, não para sempre, mas quiçá por muito tempo.

sábado, 2 de janeiro de 2010

e agora..

(...) bem vindo 2010 ,
não tiveste o melhor começo, não foste de longe o mais feliz, não começaste como eu esperava. Mesmo assim, ainda nao perdi as esperança e confiança em ti, afinal, o meu querido 2009 que já lá foi, não começou da melhor forma e mesmo assim trouxe-me, apesar dos seus baixos, das maiores alegrias da minha vida. Desiludiu-me muitas muitas vezes, mesmo assim conseguiu-me pôr orgulhosa dele.
Então, este ano resolvi não te julgar logo de inicio. Prefiro dar-te tempo para te adaptares a situação de todas as pessoas no Mundo, a situação em que o nosso planeta se encontra. Não me importo de esperar, nem de ser a ultima na fila de espera. Contudo, não te esqueças de mim. Prometo, que se deres o teu melhor, eu não me importo de esperar, e no final dos teus 365 dias eu vou sentir-me feliz de te dizer que foi com orgulho que te dei tempo e confiei em ti.
Ajuda-nos 2010, a resolver todos os problemas que o meu querido 2009 nao conseguiu resolver, há tanta gente a espera da tua ajuda; não peço por mim, peço pelas pessoas que confiam que lhes tragas a bendita bonança que vem depois deste tremenda tempestade que estamos a passar. Hoje todos pedimos que chegue o dia em que tudo fique bem.
Por isso, ajuda-nos. Eu acredito em ti 2010, acredito em ti piemente! Não me desiludas.
Obrigada, e tu 2010, tem um bom ano.