quinta-feira, 4 de março de 2010

mask

Para onde foi toda a razão dos meus dias? Aquela que me costumava acompanhar desde o primeiro abrir de olhos, até ao embalar dos sonhos?
Eu estou cansada de fazer perguntas. Principalmente quando não encontro resposta para nenhuma delas. Sei que continuo a procurar por uma razão para tudo, por uma resposta para todas as minhas perguntas e eu não a encontro e eu estou farta desta eterna procura por rigorosamente nada.
Hoje, eu senti o cansaço desta vida apoderar-se de mim. Eu senti que não tenho mais vontade de lutar, não tenho mesmo. Sei que estou a menosprezar um dom que me foi concedido, mas eu não aguento mais. Eu não aguento mais fazer-me de forte quando eu não sinto que o seja. Eu não aguento mais segurar esta máscara atrás da qual me escondo. Não aguento. Tornou-se demais para mim. Tudo está tão diferente e tão difícil ao mesmo tempo. Sempre pensei que uma mudança fizesse bem, mas esta foi uma mudança demasiado radical. De um momento para o outro senti fugir-me por entres os dedos tudo que um dia me sustentou, como se de areia se tratasse. Senti uma vida a passar por mim, a minha vida a passar por mim, e eu não tenho ritmo para a acompanhar. O mundo corre tão rápido lá fora e eu estou tão cansada que para mim não dá. E eu tento arranjar forças. Tento adquirir alguma força que a minha máscara mostra ter, para mim mesma, mas a verdade é que não consigo e não sei por quanto tempo mais vou aguentar o pano. Não sei até quando é que eu vou levar esta vida de personagem ficticia a tentar ganhar um papel no mundo real.
Eu se pudesse desaparecia. Sou demasiado terra-a-terra. Não consigo criar nenhuma utopia para eu poder lutar por um mundo melhor. E da maneira como anda a minha alma, uns sonhos, uns objectivos, uma felicidade imaginária não me fariam nada mal. Mas a realidade é que eu estou demasiado presa ao mundo real. Estou demasiado presa á dor terrena, á mágoa, á saudade e não as consigo tirar do meu coração um único segundo. Eu, que um dia me conheci melhor que ninguém, desconheço-me. Olho nos meus olhos vezes e vezes sem conta e não me encontro. Os meus olhos já nada dizem, já não choram, já não riem, já não dizem tudo que diziam. Agora só o meu coração sente, só o meu coração fala, chora e ri. Ria. Já não me lembro de um sorriso dele ultimamente. Chora tanto, e ninguém vê, ninguém percebe, ninguém o ouve. Só eu convivo com este eterno soluçar entre lágrimas que se esconde dentro do meu peito. E eu não consigo tornar-me surda. Não consigo esquecer que ele está a sufocar de tanta dor. Não consigo esquecer que eu estou como ele, e que nós não aguentamos mais. E eu não consigo manter-me longe o suficiente para não ouvir mais o som destas lágrimas que dentro de mim se escondem. Porque eu não consigo fugir de mim mesma.
Se eu pudesse? «suicidava-me por seis meses» como diz um poema. E depois? Se valesse a pena acordar, fá-lo-ia. E isto apenas prova a minha fraqueza, a minha cobardia, por querer fugir dos meus problemas. Mas no fundo não é isto que os desistentes fazem? Fugir de tudo que lhes levanta dificuldades? Eu já lutei muito por algo que parece não valer a pena, eu mesma, e hoje encontro-me no pleno direito de ser uma desistente.

2 comentários:

Anónimo disse...

Nem tudo tem uma explicação.
Um bem haja ao conformismo, nestas alturas.

Anónimo disse...

e quem insiste e resiste, tem TODO o direito de desistir.