quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

dreams really do come true

Eu não sei muito bem o que sinto agora. Sinto-me como um cubo de gelo quente, um verão frio, estou naquele intermédio de sensações em que não se sabe se se está bem ou mal, se se está vivo ou morto. E em parte, até é uma sensação boa.
Sempre vivi a minha vida toda presa a uma dor que por vezes me sufocava. Se não era por uma razão, era por outra. Havia sempre algo que me fazia impressão cá dentro, e não, não eram borboletas nem nada bom como isso. Era um aperto. Um aperto forte. Que estava constantemente presente, aqui. Havia sempre algo que não deixava essa dor ir embora, pelo menos por completo. Não foi sempre um sufoco enorme em que mal conseguia respirar. Claro que não. Mas nunca chegou a passar, pois quando eu achava que estava bem, curada, as feridas voltavam a abrir-se todas. Nunca cheguei a cicatrizar por completo. E agora é diferente.
Estou neste intermédio, que não é bom nem é mau, que pesa na consciência mas não pesa o coração, que me deixa andar pelo menos um bocadinho todos os dias, em frente. E isso dá-me algum alento para continuar.
Gostava, como é óbvio, de ser como aquelas pessoas que vivem com a certeza que são felizes, que se sentem felizes a toda a hora. Minto, na verdade não gostava de estar sempre feliz como essas pessoas, mas sim de estar 80% do tempo feliz, vá. Mas para quem nunca passou sequer 60% do tempo feliz, este intermédio sabe como o melhor estado de tranquilidade do mundo. Pois uma coisa é o que se mostra e outra é o filme que passa dentro da cabeça de cada pessoa.
Deve ser assustador tentar viver na mente de alguém que é (aparentemente) feliz. Eu falo por mim, pois tenho a certeza que cortaria os sonhos a muitas criancinhas, se essas tivessem a oportunidade de viver a minha mente. Deixariam de acreditar em muita coisa, talvez, como eu não que não acredito.
Mas a culpa de eu não acreditar, é minha. É minha e do meu pessimismo e da chave que não vinha comigo quando nasci (a parte da chave se calhar não é culpa minha). Pois agora nada se destranca da minha mente, por não haver chave que abra a porta que guarda todas as coisas que me consomem. As coisas que vou falando e que me aliviam escapam pelas frinchas da porta. Mas esta salinha de tormentos está a abarrotar. A sorte é que os meus tormentos são tão simpáticos que arranjam sempre espacinho para mais um amigo.
A culpa realmente não é só minha, porque se eu não tivesse nascido no dia que nasci, no local que nasci, à hora que nasci, não seria do signo que sou com o ascendente que tenho (sim, eu acredito nestas coisas). Ser escorpião com ascendente escorpião torna-me uma pessoa fantasticamente depressiva e ansiosa. Uma belíssima pessoa de extremos, tanto para o bem como para o mal, e que age de forma muito diferente das outras pessoas. Para melhorar as coisas, sou também sujeita a depressões e em casos extremos ter algumas tendências autodestrutivas. E tudo isto bate certo na mouche.
Mas eu não sou um caso extremo, e graças a deus que assim é, pois assim não teria tido a oportunidade de estar a viver neste quase estado de ataraxia plena e que me vai trazendo, pouco a pouco, felicidade. Espero um dia atingir os meus 80%, mas até lá contento-me com o meu meio-termo de sensações.

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